Mais uma vez colaborando com o Portal Guaçuano o Professor João Pansani escreve um brilhante artigo comentando sobre ” Mal trato a animais,coisa feia “.
No artigo o Professor lembra e comenta um tempo não muito distante onde o homem do campo tinha um grande respeito aos animais.
E na correria do nosso dia a dia ele presenciou um cena que relembrou seu tempo de infância ao lado sa sua avó.Confira o artigo e com certeza você também vai relembrar a sua infância.
Mal trato a animais, coisa feia
“O grau de civilização de um povo se mede pela forma com a qual trata os animais”
“Leon Tostoi”( 1828-1910)
Desde a minha infância , fui criado de forma a destinar respeito incondicional aos
animais,quaisquer que fossem eles.
Tive a grata satisfação de conviver , intensamente com a minha avó , Vitoria Fantinato, isso até
aos meus 40 anos de idade.
Mulher instruída ,e muito mais que isso , sabia.
Com ela passei grande parte da minha vida , no meio rural.
Os cuidados que ela destinava aos animais , soam de forma indelével ,ainda hoje em meus
ouvidos.
Há 50 anos atras , no meio rural , as atividades eram praticamente de subsistência , forno de
barro,fogão a lenha ,transporte por meio de tração animal , e por ai vai.
Lembro-me nitidamente :
Qualquer pessoa que fosse trabalhar conosco, as determinações rigorosas eram as seguintes :
1-estilingue , alçapão ,caçar passarinhos”,gaiola, qualquer forma que fosse , nem pensar;
2-Quanto aos animais:
Jamais um cavalo trabalhava mais que duas horas em um dia ,e sempre em dias alternados ,
nunca dias seguidos;
A minha avó ,vistoriava diariamente , e pessoalmente as rodas das charretes e carroças , de
forma a assegurar que não houvesse esforço extra ao animal, os arreios , igualmente , para que
de forma nenhuma pudesse causar ferimentos.
Era determinado que ao ficar amarrado , o animal atrelado , mesmo que por pouco tempo , não
ficasse exposto ao sol.
Ainda com vistas aos cavalos e muares,esses tinham aposentadoria garantida , e isso em uma
área de várzea , com o capim sempre verdinho.
Quanto as vacas :
A ordenha era sempre feita em somente três tetas , guardando uma bem cheia ao pequeno
animal.
Por outro lado , cães e gatos ,e o que aparecesse , sempre tinham boa acolhida .
Vivi e cresci nesse meio , e sempre acompanhando essa forma de agir, rechaçando toda forma
de mal trato a qualquer tipo de animal.
Há poucos dias , em uma cidade vizinha a nossa , presenciei um senhor que conduzia uma
carroça , isso em região movimentada e em horário bem inadequado.
O senhor condutor , muito assustado , parou a carroça , e o animal , visivelmente estava em
pânico .
Não tive duvida , parei o meu automóvel , e parei o transito , para que aquele carroceiro pudesse
sair daquele transito sufocante , sim tomei aquela atitude objetivando facilitar a “vida “do
carroceiro e do animal, evitando agressões ao cavalo.
Por certo , a adrenalina tanto do cavalo como do carroceiro , deveriam estar altíssimos .
Qual não foi o meu espanto ,quando o condutor da carroça , açoitou fortemente o pobre do
animal que ao sair espavorido pela chicotada , por pouco , não se estatelou no chão .
Aquela chicotada , tenham certeza , doeu em mim.
Pois bem , vivemos sim , em um pais pobre economicamente falando e pobre culturalmente .
Está mais do que na hora , ou passando da hora de entendermos a necessidade absoluta do
cuidado com a vida animal.
Está mais do que na hora , do poder publico tomar atitude relevante.
Acho muito bonito , louvável , necessário ,quando as nossas atitudes preservacionistas
acontecem, mas quando se trata de ação do poder publico , nesse sentido , a ação não pode ser
no “varejo”, tem que ser no “atacado””, com leis e atitudes.
Existem sim , condições para isso.
João Pansani .Professor aposentado ( e criado no bairro Santa Teresinha /Av. Suécia )