International Grand Prix Classic: as máquinas clássicas do Mundial de Motovelocidade em ação

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As máquinas que fizeram a história do Campeonato Mundial de Motovelocidade nas décadas de 1970 e 1980 estão em plena atividade. O International Grand Prix Classic reúne motos das categorias 250 cm³ e 350 cm³. Os grids, sempre cheios (a prova mais recente, realizada em Spa Francorchamps no último dia 6 de julho, teve 40 motos), têm a presença assídua de um piloto brasileiro: Bob Keller, que trabalha para realizar uma prova da ICGP em Interlagos em fevereiro de 2015.

“Estamos à procura de patrocinadores para viabilizar a realização da prova. Já tenho a data assegurada e a aprovação do projeto pela CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo). Nossa intenção é fazer um evento de motovelocidade como nunca se viu no Brasil. O motociclismo tem uma história muito rica no País, mas infelizmente essa história é pouco conhecida”, afirma Keller. Além das provas do ICGP (cada etapa é disputada em sistema de rodada dupla), ele pretende incluir na programação uma prova de categoria nacional da motovelocidade, uma exposição de motos de rua clássicas (complementada com uma volta na pista) e uma homenagem aos pilotos brasileiros que disputaram provas oficiais com Yamaha TZ, a moto mais importante dos Grand Prix das décadas de 1970 e 1980.” 

Tal importância, segundo Keller, se deve ao incentivo proporcionado pela Yamaha ao construir uma moto de GP de custo relativamente baixo e com manutenção facilitada pelo acesso fácil às peças: “Muitas delas podiam ser adquiridas em concessionários Yamaha na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Muitas vieram para o Brasil, a ponto de ter existido uma categoria específica para elas”. Além de acessíveis, as TZ eram extremamente competitivas – algo que pode ser constatado em uma rápida verificação das listas de campeões mundiais e vencedores de GPs das categorias 250 cm³ e 350 cm³ realizados entre 1970 e meados da década de 1980, em que as TZ eram maioria e venciam corridas e campeonatos, muitas vezes inscritas por equipes particulares contra equipes de fábrica. 

Keller tem em seu currículo como motociclista diversas participações no Rali dos Sertões e em provas de motovelocidade para máquinas clássicas. Sua paixão por esse tipo de moto levou-o a atuar na restauração de uma Yamaha TZ 350 utilizada na década de 1970 por Adu Celso, o primeiro piloto brasileiro a vencer uma prova do Campeonato Mundial de Motovelocidade (GP da Espanha de 1973, na categoria 350 cm³). Como piloto de automóveis, ele venceu em 1996 a Mil Milhas Brasileiras, pilotando um Porsche 911. No ICGP, Keller compete com uma Yamaha TZ 250 e, neste ano, obteve um sexto lugar na França e um quarto lugar na Holanda.

O que é o International Classic Grand Prix

Aberto a qualquer moto de Grand Prix das categorias 250 e 350 cm³ fabricadas entre janeiro de 1974 e dezembro de 1984, o ICGP teve sua primeira prova realizada em 1999 no circuito de Paul Ricard, na França. O criador do campeonato é o piloto francês Eric Saul, vencedor de dois GPs das categorias 250 e 350 em 1981 e 1982 e também participante do ICGP.

A cada temporada, são realizadas de seis a oito corridas em circuitos diversos, mas com um ponto em comum: a identificação histórica com provas internacionais de motovelocidade. O calendário de 2014 foi iniciado em abril em Paul Ricard (França) e seguiu em Hengelo (Holanda), Jarama (Espanha) e Spa-Francorchamps (Bélgica). As próximas etapas serão realizadas em 31 de agosto em Rijeka (Croácia), circuito que até a década de 1980 sediou o GP da Iugoslávia, e 8 de setembro em Donington (Inglaterra).

Cerca de 40 motos alinham em cada corrida, havendo classificação e pontuação em separado para as duas categorias (350 cm³ e 250 cm³). Todas devem ser máquinas de GP originais da época – réplicas e motos de rua não são permitidas. As Yamaha TZ predominam, mas têm forte concorrência das Kawasaki KR, Chevallier, Rotax, Bimota, Egli, Harris e Spondon.

Além das motos, o International Classic Grand Prix tem vários “pilotos clássicos”. O líder do atual campeonato é o francês Guy Bertin, vice-campeão mundial da categoria 125 cm³ em 1980 e vencedor das 24 Horas de Bol d’Or (1983) e Le Mans (1985), duas das mais importantes provas de endurance para motos. Outros nomes familiares para os conhecedores da história do Mundial de Motovelocidade presentes no ICGP são os do suíço Bruno Kneubuhler (três vezes vice-campeão mundial nas categorias 50 e 125, entre 1973 e 1983) e Bernard Fau (participante das categorias 500 e 250 entre 1975 e 1983). Nenhum piloto do ICGP pode ter participado de campeonatos com motos “modernas” nos últimos três anos.