Sob a coordenação do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), uma equipe de veterinários voluntários começou a coletar sangue de cães no Jardim Guaçuano para investigar se há mais casos de leishmaniose visceral canina no bairro. As amostras serão examinadas no Instituto Adolfo Lutz.
Paralelamente à coleta de sangue, agentes da SUCEN (Superintendência do Controle de Endemias) instalaram armadilhas na tentativa de capturar o flebótomo, conhecido como mosquito-palha, transmissor do protozoário Leishmania chagasi, que causa a doença.
A investigação foi deflagrada pela Secretaria de Saúde depois de confirmados três casos da doença em cães, um no Jardim Guaçuano, um no Jardim Centenário e o terceiro na Rua Princesa Isabel, na Vila Ricci, entre o final de janeiro e início de fevereiro. Os dois primeiros foram sacrificados e o terceiro está em tratamento.
Outros dois cães suspeitos de estarem infectados morreram antes de completados os exames protocolares do Ministério da Saúde, mas um ainda teve laudo negativo para leishmaniose visceral. O CCZ coletará amostras de sangue de 100 cães em cada bairro. A ação continuará na próxima semana.
A leishmaniose visceral canina não tem cura, embora exista tratamento. Uma vez infectado, o cão torna-se reservatório da doença e pode ser fonte de infecção para outros animais ou seres humanos que vivem ao seu redor.
O animal doente pode melhorar e a doença pode ser controlada, mas o cão continua sendo portador do protozoário e, por isso, o dono deve aplicar repelente ou usar uma coleira especial no animal para manter o mosquito palha afastado dele.
Existe uma vacina, mas ela não é 100% eficaz. Por outro lado, o tratamento, somado ao uso constante de repelentes ou da coleira, que custa em torno de R$ 60,00 e deve ser trocada a cada seis meses, chega a custar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por ano.
Como nem todos os donos dispõe de recursos financeiros para arcar com essa despesa, a eutanásia ainda é prática recomendada como alívio ao sofrimento do animal.
Embora a leishmaniose visceral possa ser assintomática, o cão pode apresentar feridas na pele e na região da boca, olhos e focinho, sangramento nasal, emagrecimento e, em estágio mais avançado, crescimento anormal das unhas.
As autoridades ainda não têm certeza de onde os três cães foram infectados, uma vez que a SUCEN não detectou a presença do flebótomo no território de Mogi Guaçu com armadilhas que já vêm sendo instaladas como prevenção.
Isso porque a zona rural de Mogi Guaçu faz divisa com a zona rural de Espírito Santo do Pinhal, município que tem casos confirmados e é considerado área endêmica e de transmissão, assim como regiões de Minas Gerais, como Contagem e Belo Horizonte.
A leishmaniose visceral canina foi detectada na região oeste do Estado de São Paulo em 2000 e, desde 10 anos atrás, em Espírito Santo do Pinhal, que conta faculdade de medicina veterinária no monitoramento.